domingo, dezembro 16, 2007
Sem desculpas
Eu entendo perfeitamente a intenção louvável de um pai de querer educar os seus rebentos com o que há de melhor na nossa cultura ocidental, colocando-os em contato com obras clássicas desde a mais tenra infância. Contudo, essa intenção egoísta não está acima de modo algum da vontade pública de usufruir de um concerto com o silêncio absoluto da platéia. Veja bem, se você quer que o seu pimpolho escute e deguste música erudita, submeta-o ao enxoval musical no conforto do seu lar. Eu não tenho nada a ver com isso. É de uma imbecilidade sem tamanha esperar e de uma crueldade insuportável querer que uma criança com menos de 10 anos fique sentada numa sala escura completamente quieta, sem falar e se mexer. Se muitos adultos pseudo-cientes de si mesmos já não conseguem segurar a própria língua, o que não esperar de uma criança que ainda sequer é capaz de distinguir-se do mundo! E sinceramente eu não sei de onde sai tanto bebê assim, estavam lá em enxame. Não é fácil me irritar, mas o som gutural de hominídeos infantes num concerto tira-me do sério, me desconcerta, me desconcentra. Não, não foi por ser de graça, o público era o mesmo. Quando paguei para ouvir a nona do Beethoven, a mesma horda estava lá. Não há desculpa para a má educação de pais com boas intenções.
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2 comentários:
Não mesmo, humpf!
(fiquei com raiva tbm)
Suas palavras incontestes expressaram a taquicardia (ou bradicardia) que, com certeza, lhe tocaram naquele instante. E dessa postagem é possível sentir até mesmo o seu arfar, desconcertado e desconcentrado... Absorvo a impressão passada aqui e consigo estendê-la a inúmeras e incontáveis situações já vividas por mim. Obrigada pela valiosa sugestão do livro.
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