segunda-feira, abril 14, 2008

A Lágrima lúgubre-feliz

meu tom brega-romântico pincela a lágrima lúgubre-feliz: ali durante o abraço que completa, quando os olhos se fecham para o melhor sentir e o bem-estar se infunde por todo o corpo, nos levando àquela sensação remota e primeva de unidade total, eis que um pensamento atrevido emerge na penumbra, vagueando nas bordas da mente, cutucando pontiagudo o conforto arredondado, dura pouco, é verdade, nem um piscar de olhos, mas traz consigo o medo remoto, a possibilidade da negação do abraço presente, o vislumbre da ausência do bem envolvente, tudo muito vago, um mero ponto no oceano do conforto presente, mas suficiente para desencadear algumas sinapses; e o corpo reage pelo arco-reflexo, o abraço se retese, de olhos ainda fechados, desce vagarosa a lágrima lúgubre-feliz, evidencia insofismável do pensamento relâmpago e cuja existência é dada a apreciar somente pelos extasiados, só aí ela ganha o seu sentido; vai-se embora rolando, esvaindo-se sobre a pele, valorando o próprio êxtase que buscou negar na possibilidade lúgubre, deixando-o, porém, incólume na efetividade.

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