sábado, julho 01, 2006
Atenção
Todos estão cansados de saber o quanto essa cena é freqüente, essa que narrarei logo em seguida. Mas saber é uma coisa, perceber o seu impacto emocional, é outra. Quem a vê, sente melhor o quanto essa situação é ruim. Lá estavam eles desfrutando o almoço. Ela tinha olhos meigos e carentes. Olhos de quem se sentia constrangida. Olhava para o prato, comia, olhava para o marido, mas, como este não a olhava, ela procurava, ao redor, pessoas que estivesse percebendo a sua falta de atenção. Assim ela me viu algumas vezes. Este ciclo repetiu-se durante uns quarenta minutos. O tempo inteiro permaneceram calados. Mas ele não falava por ter o silêncio como hábito. A razão do seu silêncio era uma atenção muito bem dirigida. Logo acima dele, havia uma televisão, onde passava um jogo de futebol. Não, não era um jogo do Brasil e, se fosse, também não justificaria o seu comportamento. Ele impassível, ela envergonhada. E eu me perguntava, como, como não dar atenção gratuitamente, sem esforço, mas com prazer, a quem lhe quer e que supostamente você ama?
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Um comentário:
Isso sim é uma coisa impressionante, não é? E tão comum, tão comum... E tão inexplicável. Profundamente inexplicável.
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