quarta-feira, abril 14, 2010

Brincando de calcular

Brasília está melhor que Curitiba? Sim, claro. Então Curitiba é pior que Brasília? Não, evidentemente. O português felizmente me dá sem ginástica linguística esta preciosa distinção entre ser e estar. Lá eu me fazia caber num cubículo, aqui eu realmente moro. O conceito de "andar pela casa" pode agora ser aplicado. Lá eu achava que até comia bem fora de casa, especialmente nos últimos tempos, quando a renda o permitiu, mas agora vejo que este bem poderia ser bem melhor. Aqui eu me delicio com a diversidade gastronômica e posso me permitir deliciar ainda mais vezes com a renda mais segura e abastada. Fui conquistado pela comida do cerrado e do nordeste. Mas que diabos, onde então Curitiba se saia melhor? Vejamos antes no que ela se iguala: o povo, a cultura. Começo a pensar que o problema sou eu, nenhuma cultura me agrada no geral, apenas nas partes. Odiava o nariz empinado pequeno burguês iletrado do curitibano. Me tapearam aqui com a outra face da moeda: odeio o nariz empinado esclarecidamente intelectualoide do brasiliense. O espírito curitibano de vamos só falar merda e o espírito brasiliense de vamos só politizar soam-me como males de mesma raiz. Vamos, enfim, à vitória curitibana: na verdade, nada que dependa muito dos curitibanos, falo do seu clima. A geografia lhe brindou com o frio que toca fundo na minha alma. Neste quesito ela não tem concorrentes. No computo geral, está melhor Brasília. Sem dúvida. Jamais a largaria para estar como estava em Curitiba. Isso não implica obviamente que Curitiba não seja melhor que Brasília. Mas enquanto o meu estar aqui é melhor que o meu estar lá, manda-me o bom senso estar em Brasília.

Um comentário:

Marcely Costa disse...

Como eu estou desempregada, não fico tão certa assim de que aqui ganha na minha matemática, pra mim é um problema sem solução. Mas eu concordo exatamente com tudo o que você disse sobre as mentalidades de aqui e de acolá e como você eu sinto que o problema está em mim. Tal qual aquele sentimento que eu te narrava nas casas dos meus pais: "Nas terras dos doidos, quem tem juízo é louco". No meio desses intelectualoides eu volto a me sentir louca e oprimida.