terça-feira, abril 27, 2010
Antes de dormir
Antes de dormir se pergunte se pede para ler tanto quanto pede para ser lido. Embora não haja nada de errado em pedir mais para ser lido do que para ler, isto lhe dá uma boa medida do quanto você acha que as coisas que diz são mais importantes que as coisas que os outros dizem. A medida não é tão fiel, já que muitas vezes você pode pedir para ser lido com o intuito de se corrigir. Ainda assim, pode-se retrucar: por que se corrigir seria mais importante que corrigir os outros a não se que se julgue mais importante que os outros? Mas também é perfeitamente natural que cada um se julgue, em certo sentido, mais importante que os demais. Pelo menos, em muitos contextos, prioritário. Feio é quando pelo fato de em geral você ser ou lhe ser permitido ser prioritário você conclua que seja ou o deva ser sempre.
domingo, abril 18, 2010
Cefaléia Ordinária!
Hoje tive a pior cefaléia de minha vida. Fui deitar com uma leve dor de cabeça e fui acordado de madrugada por uma dor aguda insuportável. Ela pulsava no ritmo da minha respiração. Quando inspirava, era como se algo estivesse sendo forçado para dentro no meu cérebro, quando espirava, a dor não sumia, mas o esforço para explodir a minha cabeça abrandava. Fiquei fraco e tive calafrios. Tomei duas neosaldinas. O tempo passava e nada. Ao mesmo tempo, estava mortalmente cansado, com muito sono. Bocejava sem parar, um sono daqueles que em qualquer outra circunstância me faria apagar em segundos. Mas ele não era nada diante dessa dor que me possuía. Cogitei ir a uma hospital e pedir: "me apaguem". Sem efeito, resolvi tomar mais um comprimido. Só depois de uma hora e meia agonizado os remédios começaram a abrandar a situação. Não o foi de uma vez, nem de forma gradual contínua. Às vezes parecia diminuir, mas logo depois voltava a sentir aquelas fortes pontadas na cabeça. Mas essa oscilação já me dava alguma esperança. Quando vieram os calafrios, apesar da desagradável sensação de fraqueza, animei-me com a idéia de que pudesse desmaiar. Seria a minha salvação. O corpo heróico, no entanto, suportou. Por mim, ele teria se acovardado desde o início. Definitivamente, dor física não é para mim. Passou, o pior pelo menos já passou. Consegui dormir. A dor que se apossou de mim, aquela dor ordinária, de vida própria, ainda não foi totalmente abatida. Ainda sinto ela tentando se remexer na minha cabeça. Acho que vou tomar mais um comprimido, dar-lhe mais uma vassourada, que tá difícil desse bicho ruim morrer
quarta-feira, abril 14, 2010
Brincando de calcular
Brasília está melhor que Curitiba? Sim, claro. Então Curitiba é pior que Brasília? Não, evidentemente. O português felizmente me dá sem ginástica linguística esta preciosa distinção entre ser e estar. Lá eu me fazia caber num cubículo, aqui eu realmente moro. O conceito de "andar pela casa" pode agora ser aplicado. Lá eu achava que até comia bem fora de casa, especialmente nos últimos tempos, quando a renda o permitiu, mas agora vejo que este bem poderia ser bem melhor. Aqui eu me delicio com a diversidade gastronômica e posso me permitir deliciar ainda mais vezes com a renda mais segura e abastada. Fui conquistado pela comida do cerrado e do nordeste. Mas que diabos, onde então Curitiba se saia melhor? Vejamos antes no que ela se iguala: o povo, a cultura. Começo a pensar que o problema sou eu, nenhuma cultura me agrada no geral, apenas nas partes. Odiava o nariz empinado pequeno burguês iletrado do curitibano. Me tapearam aqui com a outra face da moeda: odeio o nariz empinado esclarecidamente intelectualoide do brasiliense. O espírito curitibano de vamos só falar merda e o espírito brasiliense de vamos só politizar soam-me como males de mesma raiz. Vamos, enfim, à vitória curitibana: na verdade, nada que dependa muito dos curitibanos, falo do seu clima. A geografia lhe brindou com o frio que toca fundo na minha alma. Neste quesito ela não tem concorrentes. No computo geral, está melhor Brasília. Sem dúvida. Jamais a largaria para estar como estava em Curitiba. Isso não implica obviamente que Curitiba não seja melhor que Brasília. Mas enquanto o meu estar aqui é melhor que o meu estar lá, manda-me o bom senso estar em Brasília.
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