sexta-feira, abril 17, 2009

Da injustiça extroversa ou da justiça introversa

Não sou o tipo de pessoa cujo ser se revela em algumas falas
encenadas. Meu ser é contraído, raramente se expande luminosamente
chamando a atenção alheia. Ao contrário, sou o tipo de pessoa cujo ser
se desvela por convívio. Somente o estar com é suficiente para
despertar-me a abertura. Por isso, uma vez me disseram, "quem, em te
conhecendo, não te amarás?". Concordo. Isto vale para outras dimensões
do meu ser: "quem, em me conhecendo, não perceberás o meu engenho?". Mas
há aqueles que conseguem expressar engenho pela casca, sem o conviver, e
outros que o manifestam sem tê-lo de todo. Seu engenho consiste
justamente em serem altamente capazes de parecer engenhosos. Há várias
situações da vida em que demandam de ti apresentar as suas qualidades em
um intervalo pequeno de tempo, isto é, querem de ti a manifestação das
suas qualidades sem terem de conviver contigo. Esta é uma situação
injusta, uma vez que privilegia a maior capacidade natural do extroverso
de parecer o que é ou mesmo de parecer o que não é, enquanto o
introverso pode ser muito mais que o extroverso sem conseguir, em tempo
hábil, parecê-lo. O que só comprova o mote comum de que vivemos numa
sociedade que privilegia muito mais as aparências. Não que a aparência
seja, em si, ruim, não, em muitas ocasiões, a aparência é realmente tudo
o que devemos almejar, mas, em outras, dizemos hipocritamente que
esperamos o ser, quando, na verdade, julgamos erroneamente a sua
presença apenas por umas parcas aparências. Assumamos logo o que
queremos e valorizamos.

2 comentários:

Caminhante disse...

Concordo plenamente. Já disse alguma vez no meu blog e vou me repetir: acho que somos todos como o Enéias Carneiro, tentando virar presidentes com 30 segundos pra falar tudo.

Unknown disse...

somos dois introversos, eu também sou muito fechada quando não conheço alguém, mas esse alguém tem alguma vantagem, sabe? Tipo em situações de trabalho, lugares em que você é estranho e a outra pessoa não é. Dar aula foi uma terapia, fiquei muito mais extrovertida do que era antes, antes eu não tinha coragem ou ideias do que falar para os estranhos.
quando conheci você, você era assim, uma caixinha fechada, só me ouvindo, mais do que falando, natural. mas na segunda vez, sempre digo isso, que a gente saiu, você se soltou um pouco mais, você se abriu e eu fui vendo o quanto você é precioso por dentro. E realmente, quem te conhecendo não te amaria? Você é a pessoa mais amável que eu conheço. Você é divertido, romântico, sem ser piegas, inteligente sem ser pernóstico. Eu amo muito você, e quando fui falar com deus, antes de pedir ajuda agradeci pelo outro deus que ele me presenteou... meu tudo =**