sábado, setembro 20, 2008

As cores.



Eu diria que ela é uma artista coloral. Suas cores estão sempre em rica harmonia, cintilando meus olhos, me fazem lembrar das caixas de lápis de cor e massinha que ganhava quando criança no início das aulas. Passava horas contemplando a beleza das cores lado a lado, o azul celeste, o azul turquesa das águas das piscinas, o amarelo sol, o verde grama, o marrom tronco, o beje azulejo, o vermelho telhado, o cinza nuvem, infantil mesmo nas representações; as massinhas em barrinhas retangulares, macias de apertar, demorava-me enamorando-as antes de partir para a destruição tatual, gostava de fazer cobrinhas coloridas. O ciclo da massinha lembra o ciclo das vivências. Primeiro você se deslumbra com a nitidez e diversidade das cores, a novidade colorida. Depois a frustração entediante da massa acinzentada. Perdemos o interesse com o igual das coisas. Ela porém nunca se acinzenta diante dos meus olhos, mesmo na sua versão menos viva e colorida, ela desperta a reação de todos os meus bastonetes. Ela tem sede de cores invisíveis, de cores que não existem ou simplesmente de cores que estão além do nosso infante aparelho visual. Quantas lágrimas não pipocam dos seus olhos verde-negros borrados pela impercepção de todas essas cores transcendentes. Se pudesse, lhe daria uma caixa de lápis de cor com todas essas cores inomináveis. Eu que sempre fui muito cinza por fora e por dentro, tenho me sentido bastante colorido, tanto que até ela suspeita do meu acinzentado passado. Diz-me que era conversa fiada minha. Não era. Só que com o seu colorido presente tão vivo diante dos meus olhos, eu me esqueço do cinza de ontem e ignoro o de amanhã. Se alguma vez transpareci irritar-me com ela, confesso-o, foi comigo que me irritei profundamente por não conseguir irradiar uma nova cor que lhe despertasse o sorriso.

3 comentários:

Unknown disse...

OOhhhhhhhhh! (L)

Marcely Costa disse...

Já disse que esse é o texto mais lindo que li, né? Muito, muito mesmo! Os textos dos russos parecem ditados por analfabetos com asperger perto desse texto!
Mas isso é porque fala de mim, não podia ser outra coisa senão um texto bonito. E porque é feito por você. Você é minha cor indizível, colorido pelo seu sorriso, seus olhos lindos, seu rosto assistindo algo, suas palavras inteligentes e divertidas e nos seus trejeitos (até deles eu gosto: de você se gabando, de você nervozinho... eu gosto tanto de tudo em você que eu sorrio com ternura até de lembrar de você bravo).
Eu sei que estou te entregando e deveria ser mais metafórica e poética, mas a minha poesia é igual a da sua mãe: ser direta e franca - e muitas vezes eu sou escatológica e ridícula, eu sei.
Sem você meu mundo escurece. Isso porque você é o brilho, neon de cor viva que brilha na luz negra e tudo que existe pra mim. E sua cor não desbota com sol nem água. Se desbotar é pra mais bonito que nem meu cabelo ;D
É por isso que ficar um minuto sem você me angustia. Se até o pior amor é melhor que o mundo, imagine um amor bom como o meu. Sem você o mundo fica ainda mais besta.
=*****

Eros disse...

Ma, Linda. :* Para dizer a verdade, eu ficaria muito feliz e satisfeito se a minha escrita tivesse um terço da qualidade da sua!