terça-feira, setembro 02, 2008

Agora foi, mas do outro lado da força.

Parece inusitado que um aluno da graduação seja contratado para ser professor, ainda que substituto, deste mesmo curso e na mesma instituição. Eu não esperava que aceitassem a minha candidatura, mas um professor encorajou e lá no edital estava escrito que aceitariam títulos equivalentes de mestre. "Equivalência" sem critério não diz muita coisa, pode ser tanta uma coisa larga quanto restrita. E o professor foi categórico enquanto me encorajava: "filosofia é IA". Conforme entendamos esse "é", eu devo discordar, óbvio. Por outro lado, é inegável a penetração que uma disciplina tem na outra. Então apostei na equivalência dos meus títulos com os de informática/computação. Aceitaram.

Sobre as condições, bem melhores agora. Sou aluno do curso e, portanto, relativamente "conhecido". Não vou me desfazer do meu argumento da postagem anterior, ainda penso o mesmo. No entanto, preciso dizer: por mais cabaços que as pessoas de exatas "tendam" a ser, estas em específico, os examinadores, me surpreenderam, em primeiro lugar, ao aceitar a minha inscrição e, em segundo, ao mostrar uma tal atitude ética na avaliação que se esperaria encontrar mais facilmente naqueles que justamente teorizam sobre a coisa: os filósofos. Justamente o contrário. Posso estar pisando em falso, não tenho obviamente como provar que houve favorecimento no concurso para prof. substituto no departamento de filosofia, embora tenha ficado meio na cara. Muita conjunção providencial de uma vez só. Também não posso dizer que eu ser conhecido pelos professores que me examinaram no departamento de informática não tenha também me favorecido de alguma maneira. Certamente que sim. No entanto, os candidatos que deixei para trás também foram alunos não só do curso, mas também do mestrado do departamento, de modo que, se eu fui favorecido por ser conhecido, eles também foram.

O que de certa maneira me deixa puto. Puto por ter de reconhecer que filósofos possam adotar a moral das panelinhas com muito mais facilidade e estar mais fechados à alteridade que as pessoas das exatas. Na verdade, essa guerrinha humanas vs. exatas é uma guerrinha boba. Importam as pessoas. Dei sorte de encontrar algumas pessoas boas na computação e azar de encontrar outras ruins na filosofia. Bem e mal é outra distinção difícil de ser feita a não ser em uma perspectiva pessoal, como fiz agora, para deixar claro.

2 comentários:

Maria Helena disse...

Será que vc deu sorte mesmo? Às vezes eu fico com a sensação de que o pessoal das exatas é mais profissional e menos político, ou a política é colocada claramente. Às vezes eu acho que esse ranço que as humanas e sociais trazem da ditadura não vai acabar nunca.

Unknown disse...

Nunca saberemos a resposta da questão que a Maria Helena colocou. De qualquer forma, parabéns...