domingo, março 23, 2008

Achocalhado

Achocalhado, todo eu. Alma, vida, emoção, corpo achocalhados. Pela espinha percorre um intenso tremor, concluindo lá em cima, na consciência, a sensação de plenitude de sentido, vejo sem olhar. Ela me envenenou com o sabor doce e amargurado da sua existência. Nunca apeteceu-me vidas amenas, ou fingidamente amenas. Infiltro em sua alma contemplando cada cicatriz, aberta ou fechada, e apalpo suave imaginando a sua etiologia. Quanta doçura, fineza e inteligência na forma que elas acabaram infringindo à sua alma. Na superfície, nos encontramos com névoas de lúdica suavidade. Transbordo em bobeiras pueris. Ela também. Na profundidade, nossos dedos vão se entrelaçando num íntimo e compreensivo dar as mãos. Ela envenenou-me sim, sabe, atacando a minha mortífera apatia; vejo-me, então, vivendo plenamente, sem utopia, sem perder a consciência áspera da realidade com a qual nasci. Agradeço a ela por esse mergulho em seu existir, agora que começo a relembrar como é nadar.

4 comentários:

Caminhante disse...

Uau!

Eros disse...

Yes! :)

Anônimo disse...

Parece bom! =]

Raquel disse...

"Amor é assim
Faz tudo mudar
É só alegria
Tristeza não tem lugar" =)