- Sim, não sou mesmo como tu, sempre de cara feliz. Resplandeço minha dúvida no existir. No entanto, a mesma dúvida que me joga no chão também me eleva. Sou, por assim dizer, bipolar.
- Não esperava outra coisa de ti, meu caro, teu rosto sempre interrogado, louco. Não me espanta que não obtenhas com as mulheres o sucesso que eu obtenho com os homens. A minha crista de convicção seduz, a tua sombra de incerteza repele.
- Hoje estou mais ferino, não me pisarás como no outro dia. Teu sucesso com os homens não se deve tanto assim a ti, mas à tolice deles. Ausentes de vontade, encontraram em ti o guia de suas existências. Eu, ao contrário, não quero a companhia de tolos insensíveis ao pensar, mas sim daqueles que se sentem atraídos pela curiosidade, no seio da qual a dúvida se aloja.
- Tu se refugias em um elitismo que jamais poderá bater de frente com as legiões que trago debaixo dos meus braços.
- De frente jamais, minha tática é a da guerrilha, ataco pelas bordas. Talvez sim, talvez não, teus soldados aos poucos cairão atrás de outras ainda mais cegas que tu. O líder sempre está só entre os seus partidários.
- Tantos a me rodear e tens a coragem de dizer que estou sozinha?
- Tanta convicção para tão pouca percepção. Não vês a fraqueza do elo que os liga a você. Sugam a tua certeza até esgotá-la ou até depararem com outra mais cristalina, sedutora. Vão de porto em porto, ávidos pela mentira maior. Outra como ti a contará, cedo ou tarde. Que verdade já não foi traída?
quarta-feira, setembro 12, 2007
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