quarta-feira, junho 07, 2006

Tio

Enquanto o meu pai relatava o estado deplorável em que ele foi encontrado, eu fazia um esforço enorme para evocar as melhores lembranças que tenho dele. Eis que me vejo, então, com a cabeça para o lado de fora da sua Brasília, tomando vento na cara e rindo grande. Aquele teto solar era o deleite dos seus sobrinhos. Ele sempre sorrindo e fazendo graças. Endurecia a barriga e pedia para que o socássemos o mais forte possível. "Nem Hulk pode comigo!", dizia ele. Impossível chupar uma bala de mel e não lembrar das que ele nos dava. Sempre tinha uma no bolso. Nunca vi um átomo de maldade em seu coração.

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