segunda-feira, maio 22, 2006
Barco
Um barco que navega sozinho e se conserta sozinho, mesmo em alto-mar. Ele não precisa de uma direção, já que não carece de porto algum. Seu único destino é navegar. Vasculhar os mares que o mundo lhe oferece. Talvez ele os percorra todos, talvez não. Enfrentará tempestadas e aprenderá a suportá-las. É possível que venha a desejar desafiá-las. Sente melhor o seu casco quando a água bravia tenta cortá-lo ao meio. A sombra da destruição é o meio pelo qual ele ascende à vida. Passará por mares calmos e aprenderá também a suportá-los. Ali, quase sem vento, correrá o risco de se esquecer. A sombra da permanência é o meio pelo qual ele ascende ao esquecimento e à morte. Para sair daí só remando com a sua própria força. E assim navegará, sempre. Devo me satisfazer com esta imagem?
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Um comentário:
Sim, Leben. Sinta-se à vontade. Minhas palavras não me pertencem. Espero que nunca pertençam a ninguém, mas que sirvam de alimento a quem queira delas se alimentar.
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