terça-feira, julho 13, 2010

Não há tempo para o tempo

O tempo precisa de tempo, de tempo para que lhe dediquemos atenção sincera e curiosa, para que lhe descubramos seus meandros, ou mesmo sem tantas pretensões filosóficas ou intelectuais, ainda assim o tempo precisa de tempo para que o sintamos, é preciso de tempo para sentir o tempo, é preciso de tempo para percebê-lo passar, rapida ou vagarosamente, não importa, sem ele, nos direcionamos às coisas, às mudanças, aos acontecimentos, mas não à própria passagem do tempo, perdemos tempo com coisas outras que o próprio tempo, precisamos de tempo para perder tempo com o próprio tempo, mas não há tempo para o tempo, não damos tempo ao tempo, nem ele coopera conosco para que lhe demos mais tempo, nem mesmo com os meus alunos encontrei tempo para o tempo, enquanto assunto, foi negligenciado por outros assuntos, não houve tempo para o tempo, e assim o tempo vai passando sem que encontremos um lugar para ele, ele que a tudo circunscreve, jamais é circunscrito. Não há tempo para o tempo.