domingo, maio 31, 2009
Vida não-linear.
Quando olho para trás, gosto de ver que a vida não é completamente linear. Se ela te soa muito linear, então você certamente não tem tomado muitas decisões, não tem tomado em suas mãos a rédea de sua vida.
quarta-feira, maio 20, 2009
DF aí vou eu
Ao que tudo indica, talvez não tão brevemente, mas, no mais tardar, até o final do ano, parto para o Distrito Federal. UnB aí vou eu.
Livros livres
Não sei de quem foi a iniciativa, se do governo do DF, da União ou de uma ONG qualquer, mas o fato é que ela está surpreendentemente dando certo. Cada ponto de ônibus recebeu uma estante para que livros sejam ali depositados. Quem se interessar, pega o livro emprestado, lê, ali mesmo ou em casa, pouco importa, e depois devolve. Quem quiser contribuir também, escolhe um ponto e despeja as suas doações.
A gente fica tentado a dizer que algo assim não vai dar certo, pois as pessoas roubariam os livros, não é mesmo? Pois é, mas pelos relatos brasilienses, tal não tem acontecido. Claro que algumas pessoas não devem devolver os livros que tomam emprestado. Mas deste que a percentagem dos que assim o fazem seja suficientemente pequena, ela não prejudicará o bom funcionamento da coisa.
Fisicamente, Curitiba parece-me até mais propícia para uma iniciativa assim. Como os pontos aqui são tubos, protegendo o seu interior da chuva, a conservação dos livros estaria, em princípio, mais assegurada. Ainda assim eu acho que não daria certo, pois o curitibano médio parece ler muito pouco; infiro isso da pobreza lastimável dos sebos curitibanos. Até em Guarapari-ES encontrei um sebo de dar inveja a qualquer sebo curitibano. Imagino as estantes nos tubos sempre vazias por falta não de doação, mas do que doar!
sexta-feira, maio 15, 2009
Euforia
sábado, maio 09, 2009
Do retor
O professor retor, embora não tenha falado absolutamente nada de concreto, embora os alunos ouvintes tenham saído dali sem nenhuma informação clara, conseguiu dar a impressão de ter falado coisas muito profundas. O domínio emotivo que ele tem da linguagem é inegável, diria até que invejável, embora eu discorde dos fins para os quais ele emprega este conhecimento. Ironizar e pintar alguém de tolo é sempre um bom caminho para despertar a aceitação da platéia. Quem manipula bem esse estranho sentimento de sadismo que nos habita consegue facilmente despertar em nós a crença. Tiradas que provocam o riso também nos colocam mais dispostos ao acordo, como se déssemos o aceite em troca do prazer que nos foi dado.
O retor, por ter o dom da palavra, tem poder, poder de causar a crença. O mais estranho, na verdade, é o que vem a seguir: no ambiente da academia, muitos percebem e captam um retor em seu uso da retórica e não só se admiram do poder do retor como o louvam e premiam, mesmo quando notam que o retor usa o seu dom para causar o assentimento gratuito, desvirtuando completamente o que pareceria, em princípio, as finalidades guias da academia: a verdade e a correção. Mas não nos esqueçamos que estes acadêmicos antes de qualquer coisa são humanos. Quando eles louvam um retor eles estão expressando o desejo de ter o poder do retor, estão cedendo à inveja despertada pela vaidade: "um dia quero ser assim também".
A beleza da certeza
Em nome da certeza nos sentimos autorizados a fazer as maiores atrocidades. Não é de todo implausível, então, que desejemos a certeza para podermos fazer as maiores atrocidades de consciência livre. Claro que se a atrocidade se conforma com a certeza, ela não é vista como atrocidade. Seu mal só se revela quando cai a certeza, quando percebemos erro e a incerteza da certeza. De qualquer forma, queremos agir sem reprimendas, sem porém. E, por isso, a certeza nos aparece como um bem tão belo. Lá no fundo, pulsa e comanda a vontade de poder.