O jeito é tomar o último copo e degustar o meu silêncio com a única pessoa que conheço apreciá-lo: eu. E no fundo, quando fico calado na companhia alheia, nem é por não ter o que falar, ou por não querer falar, é por desejar que a pessoa tenha, assim como eu, a oportunidade de voltar a atenção para as suas sensações e emoções de modo a aproveitar por completo o momento. Isso é coisa de introverso, eu sei. Não deveria tentar impor o meu jeito de ser ao extrovertido, ele não quer saber de silêncio, ele quer falar, quer dispersar, quer se movimentar, agir, não tem dessa de voltar para si para perceber melhor o impacto emocional do objeto/ser/pessoa que ele tem na sua frente.
E eu ali ao lado absorvendo e apreciando maravilhado a empatia que me infundia, mas é certo que ela não sentiu nenhuma e exasperava-se com o meu mutismo. Nessas horas penso em falar aleatoriamente qualquer coisa só para deixar o outro menos incomodado, mas acabo resistindo a essa idéia de não ser eu mesmo. Talvez esteja sendo um pouco egoísta ao agir assim, ao não tentar resistir ao magnetismo das minhas emoções internas, no entanto, o que a outra pessoa ganharia, além de uma falsa sensação de entrosamento, ao me perceber forçando uma fala que não saiu de mim naturalmente? Opto pela sinceridade silenciosa, mesmo que isto me custe a dolorosa percepção do enfado nos olhos alheios. Eu compreendo tudo isso muito bem, o que não me impede de sentir na pele o estranhamento que provoco.
sexta-feira, março 07, 2008
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Um comentário:
Eu sou do tipo que fala aleatoriamente pra não deixar o outro incomodado e morro de inveja de quem consegue se segurar.
Fernanda
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