É isso aí, querendo ou não, o seu nariz trabalha para você na seleção do seu parceiro. Resumidamente, o estudo procura mostrar que mulheres (mas imagino que o mesmo vale para homens) tendem a preferir o cheiro de homens cujos genes refletem um sistema imunológico bem diverso do seu, o que, em caso de cruzamento, aumenta as chances de uma prole mais resistente a doenças.
É claro que seria completamente sem sentido sair cheirando fundo seus pretendentes para escolher aquele lhe propiciaria filhos mais resistentes. Nos assuntos do amor, ser humano algum tem de se preocupar conscientemente com a preservação da espécie. Seria idiotice fazê-lo, pois seu organismo já se preocupa por você, foi moldado para isso, e secretamente, sem que você o perceba, influi sobre as suas decisões. Mas você enquanto sujeito, enquanto pessoa com experiências, não tem de perder tempo com isso, a você importa apenas a experiência do prazer/desprazer. O que há por trás dela, oxalá, deixe isso para os biólogos e psicólogos. A você, pessoa, cabe amar e sentir.
Mas há uma coisinha interessante nessa história toda para o sujeito. O cheiro, ora essa, o cheiro que o arrebata, que o envolve, que pode ser muito agradável ou exageradamente desagradável, o cheiro que o sujeito inspira fundo na pele do outro não-perfumada para senti-lo dentro de si, em amálgama, em uníssono. Como negar essa intimidade entre cheiro e amor? Meu vão materialismo o impede, estou acoplado a este corpo e me emociono através dele. Comigo não tem essa de amar abstratamente, sem sensações. Há quem diga superar todas essas vicissitudes humano-biológicas e amar num plano completamente ideal, platônico. A isso respondo com relativismo: que bom PARA você. Contudo, não ME serve. Amor tem cheiro e preferencialmente um cheiro bem agradável. Minha dica, ao conhecer alguém que lhe interesse, é procurar abraçá-la bem próximo para sentir o seu cheiro, contando com a sorte de que ela não esteja usando um perfume muito forte que pudesse atrapalhar na percepção da sua essência odora. Sugiro isso não para que mires na prole resistente, mas simplesmente para usufruir de uma experiência amorosa mais envolvente, agradável e olfativamente sublime.
É claro que você não vai amar alguém apenas porque ela cheira bem, tantas outras coisas importam tão ou mais, ou deixar de amá-la porque ela não cheira tão bem, mas um tiquinho de utilitarismo vai bem também: é melhor amar quem te faz bem. Já ouço você retrucando com leve ironia: como se a gente escolhesse quem ama. Correto, não escolhe mesmo não, mas escolhe (ou talvez nem isso?) a quem vai prestar mais ou menos atenção e entre cheirosos e fedorentos, atente-se mais àqueles que, de partida, lhe dá mais prazer. E, na verdade, quem é que já não faz assim?
No fundo era isso, só queria salientar a relação profunda entre a experiência do amor e a experiência do cheiro, a despeito do que haja, biologicamente, por trás. Isso realmente não importa. Eu, de minha parte, não consigo sentir um amor sem cheiro. Dos amores passados, aqueles que lembro com maior vivacidade foram justamente os de cheiro mais penetrante e agradável.
Há quem diga que a percepção agradável do cheiro é influenciada pelo intenso sentimento. Eu não duvido, mas eu acredito no contrário também: a agradabilidade do cheiro favorece a intensificação do sentimento.
domingo, fevereiro 17, 2008
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário