terça-feira, janeiro 15, 2008

Amor

Ele amava tanto, mas tanto que chegava a lhe doer a razão, saia louco a cata de cada palavra dela que fosse, até em papel rasgado, costurava-os depois interpretativo, sorria imaginando-a pensando, como se a sentisse por dentro. Diante dela, emudecia por completo, queria ouvir-lhe tudo, tudo, tudo. Mas ela era muito arredia, tinha um coração por demais sangrado, passou a querer a amar pela razão. Então fugiu assustada, enxergou o amor dele como loucura.

3 comentários:

Raquel disse...

E não era loucura? hahaha!

Patr�cia disse...

Todo amor é meio louco, acho

Anônimo disse...

Talvez ela não tenha fugido assustada e sim tenha sido mandada embora; é, deveras, outra possibilidade. Pode ter sido assim: “ Ele, temendo o tempo, mandou-a embora; enxergou aquele amor como abjeto. Ela, sabendo que não colocaria saudade e sofrimento onde somente cabia um amor sem fim, com a alegria de havê-lo conhecido, foi embora sem nunca tê-lo esquecido e sem o esquecer jamais. Dessarte, incompreendida num amor singular e recolhida, de modo lúcido e completo, de sentir outra pessoa, desde uma data qualquer (Chute-se 02.05.2006), sabe que o ama tanto que até o rosto dele esculpiu; dorme e acorda, trabalha e estuda com uma foto dele ao lado e, também em homenagem a ele, tem se esforçado para aprender a compor e melhorar o modo tacanho como escreve e no qual não vê a mínima qualidade suficiente de letras para os olhos do amado pousarem. Será que ela falou que estava aprendendo teclado para cantar para ele, pois ele sabe (Se não tiver esquecido.) que ela canta? Não, ela não disse. Mesmo que não casada, usa uma aliança no anular esquerdo, onde o nome dele pulsa e lateja vibrante e eterno. Diante dele, tão somente pela existência dele, embevece-se e se enleva por completo, querendo, sentir-lhe tudo, tudo, tudo e gritar ao mundo e ao Universo festas de mergulhos sem fim. Num gesto de agradecimento à vida, na acepção ainda de que pensar é agradecer, amar é elogiar, ela, com uma alegria e euforia incessantes e inamovíveis, veio pedi-lo em casamento, tão somente porque lha seria tíbio não o fazer. Então ele, temendo o tempo, mandou-a embora novamente; enxergou aquele amor, mais uma vez, como abjeto. E ela, sabendo que não colocaria saudade e sofrimento onde somente cabia um amor sem fim, com a alegria de havê-lo conhecido, decidiu seguir e, também por ele, colocar em tudo quanto fizesse, um amor e perfeição (em dinâmica) irretocáveis. Aquela mulher, para os livros que lho tem escrito, desenha o rosto dele como capa e jamais haverá de se desfaz deles e, nos lençóis em que dorme, bordou-lhe as iniciais. Há tão mais a dizer e a sentir... “Mas o relógio lhe cobra o dia de amanhã” e, impedida pelo respeito inamovível, recolhe-se à amizade das terras dos eufemismos e dizeres tópicos. Ainda assim, lembra-se dos undíflavos dizeres de um amigo: [Nunca vi tanto vendo tão pouco. Nunca conheci tanto sabendo tão pouco. Nunca um rosto sem face apareceu para mim de maneira tão transparente e em cores tão vivas como agora. Sonhei com as imagens da vigília e acordei com as imagens dos sonhos. São as mesmas. Fundiram-se em mim. Algo mudou. Sou outro, porém o mesmo. Sou um outro que agora vê o seu reflexo em um espelho que não é espelho. É vida.] Ao mais, com qualquer coisa que a vida lhe tenha dado dele, ela seguiu e segue, sorridente e firme e muito mais que completa, pois está além de si. Então, obediente às estritas vontades dele e fidelíssima às próprias convicções, ela foi embora se resguardar, crescer e viver, sempre enxergando que amar de modo diverso do que o amava e ama, era desrespeitar-se e desrespeitá-lo; aqui sim, expressões de loucura.” Foi o tempo, foi o tempo, foi o tempo...”