O professor retor, embora não tenha falado absolutamente nada de concreto, embora os alunos ouvintes tenham saído dali sem nenhuma informação clara, conseguiu dar a impressão de ter falado coisas muito profundas. O domínio emotivo que ele tem da linguagem é inegável, diria até que invejável, embora eu discorde dos fins para os quais ele emprega este conhecimento. Ironizar e pintar alguém de tolo é sempre um bom caminho para despertar a aceitação da platéia. Quem manipula bem esse estranho sentimento de sadismo que nos habita consegue facilmente despertar em nós a crença. Tiradas que provocam o riso também nos colocam mais dispostos ao acordo, como se déssemos o aceite em troca do prazer que nos foi dado.
O retor, por ter o dom da palavra, tem poder, poder de causar a crença. O mais estranho, na verdade, é o que vem a seguir: no ambiente da academia, muitos percebem e captam um retor em seu uso da retórica e não só se admiram do poder do retor como o louvam e premiam, mesmo quando notam que o retor usa o seu dom para causar o assentimento gratuito, desvirtuando completamente o que pareceria, em princípio, as finalidades guias da academia: a verdade e a correção. Mas não nos esqueçamos que estes acadêmicos antes de qualquer coisa são humanos. Quando eles louvam um retor eles estão expressando o desejo de ter o poder do retor, estão cedendo à inveja despertada pela vaidade: "um dia quero ser assim também".
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